A nossa pressão fez a Polícia Rodoviária Federal abrir um processo administrativo contra o policial Ronaldo Bandeira.
Porém, o agente que expôs técnicas de tortura durante uma aula, segue na corporação e não conseguimos a sua expulsão.







Um agente do estado, pago com dinheiro público, descreveu, aos risos, uma situação de tortura em uma abordagem policial. A fala do agente Ronaldo Bandeira foi feita durante uma aula de um cursinho para concursos. Nos mobilizamos e, graças às milhares de pessoas que cobraram uma resposta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a corporação abriu um processo disciplinar contra o policial em questão. O processo investigativo contra ele é um avanço importante, porém não foi o bastante!

Nosso recado para a PRF foi claro: o instrutor em questão deveria ser afastado imediatamente da corporação. Com isso, seria possível a imparcialidade da investigação e, caso provem que houve infração disciplinar, ele deve ser expulso da PRF!

A sociedade agiu em conjunto, pressionando para que situações assim não saiam impunes. A PRF ignorou nosso apelo, mas a participação popular foi fundamental para gerar uma importante mudança. A nossa missão em pressionar por melhores práticas e humanização nas abordagens policiais continua.
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ENTENDA O CASO
QUEM É RONALDO BANDEIRA?

Agente da Polícia Rodoviária Federal desde 2008, Bandeira é professor de cursinho preparatório para concursos de forças policiais. No vídeo, ele conta aos alunos sobre uma ocorrência com um suspeito, que é trancado no porta-malas de um carro e supostamente atingido com spray de pimenta.

CASO GENIVALDO DE JESUS

O vídeo viraliza um dia após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, homem negro e com transtornos psiquiátricos morto por asfixia no porta-malas de um camburão, dentro do qual foi lançada uma bomba de gás por policiais rodoviários federais de Sergipe. Os agentes foram afastados e o Ministério Público está apurando o caso.
OUTRAS AULAS SOBRE TORTURA

Ronaldo não é um caso isolado. Em 2019, um ex-policial deu uma aula em que, segundo a CartaCapital, ensina técnicas de tortura e execução. Detalhe: as aulas foram dadas no mesmo cursinho para concurso. Outro ex-PM, fundador e professor do mesmo cursinho, afirmou em vídeo que agredia "favelados" e usou termos racistas para se referir às suas vítimas.

O QUE DIZ A PRF
Após a nossa mobilização, a PRF enviou resposta afirmando que a Corregedoria-Geral abriu um processo administrativo disciplinar para investigar o policial Ronaldo Bandeira. Segundo a PRF, a descrição que ele narra no vídeo, "se comprovada, configura infração disciplinar grave". Porém, a corporação ressalta que "somente após a conclusão do referido processo, será possível um juízo acerca do ocorrido".

O QUE DIZ O POLICIAL
Em entrevista à BBC News Brasil, Ronaldo Bandeira afirmou que a sua fala no vídeo era um exemplo fictício do que não deve ser feito e que foi descontextualizado. Ele disse que, em nenhum momento, fez ou corroborou com o que descreve. A ideia de Ronaldo, ainda segundo a reportagem, era fazer uma aula "descontraída", uma espécie de "brincadeira". O vídeo teria sido gravado em 2016.
O QUE PENSAMOS
É imoral falar em tortura como exemplo de descontração e de diversão. Entendemos que o caso é ainda mais grave por se tratar de um agente público. As respostas são insuficientes e o fato de o vídeo ter sido gravado anos atrás é um indício de que a prática descrita pode ser recorrente entre forças policiais. Reportagem do Portal Metrópoles apurou que polícias de ao menos 11 estados já fizeram práticas similares às descritas, com uso de spray de pimenta ou gás lacrimogêneo dentro de viaturas contra pessoas que haviam sido abordadas pela polícia.



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